A vida em Foz de Arouce e Lisboa nas décadas de 30 e 40
«Chamo-me Maria Rodrigues dos Santos e nasci em Foz de Arouce, concelho de Góis, no ano 1915. Nesse tempo não havia relógios, o sol era o nosso relógio. O meu pai foi para o Brasil, em 1930.
Vivia sem grandes dificuldades, com paz e sossego, mas trabalhava-se de sol a sol. Trabalhei no campo até aos 18 anos, depois em 1930 fui para Lisboa, para casa de uma senhora que estava doente. Fazia-lhe a limpeza a casa e dava-lhe banho. Mas fui despedida por ter pedido aumento.
Fui então para casa de um tio meu e pus um anúncio no jornal a pedir trabalho. Depois fui trabalhar para casa de um senhor polícia, a judar a esposa dele nos trabalhos de casa e dos filhos. Trataram-me muito bem. Ia com eles para todo o lado e lá em casa não faltava de comer. Havia sempre bom peixe e carne. Enquanto lá estive, ganhei 50 escudos por mês.
Entretanto, tive um namorico com um espanhol, mas durou pouco tempo.
Depois, em 1945, o meu patrão ficou viúvo e, como gostava muito dele e ele de mim, acabámos por casar. Pouco tempo depois tivemos uma filha. Vínhamos de férias a Janeiro de Baixo, onde acabei por ficar a viver, depois de viuvar.»
Vista parcial da aldeia onde nasci: Foz de Arouce.
Aldeia onde costumava passar ferias e onde acabei por ficar a viver: Janeiro de Baixo.
Maria Rodrigues dos Santos
Joel Mendes Cortes