O meu tio Valentim Antunes foi para a guerra, com 22 anos, em Julho de 1966 e veio de lá, em Dezembro de 1969, com 25 anos.
Enquanto esteve na guerra, pertenceu à Companhia 1714, ao 1.º Pelotão e era Atirador de Infantaria.
Foram de barco para Moçambique e o barco chamava-se Niassa.Demoraram 18 dias. Faziam intervenções de mês e meio e depois descansavam outro mês e meio.
Numa das operações, foram atacados por guerrilheiros e um dos ataques que sofreram foi por um canhão sem recuo. O meu tio ficou ferido com um estilhaço nas costas e foi evacuado para o hospital de Mueda (Base principal da zona no distrito de Cabo Delgado). Esteve lá 15 dias e regressou para a Companhia, que já se encontrava em Ponta Mahone, onde estiveram cerca de 3 meses. Daí regressaram à Metrópole, no Príncipe Perfeito, e também demoraram 18 dias tal como na ida.
Na Companhia dele faziam-se patrulhas a pé, dias e noites seguidas levando rações de combate, que eram constituídas por: um sumo, latas de conserva e bolachas. Essas patrulhas eram muito desgastantes, porque, por vezes, ocorriam trocas de tiros.
O meu tio fardado.
Aqui pode-se ler:: Bem vindos a Mueda =Terra da Guerra= Aqui trabalha-se!...Luta-se e Morre-se!
Numa das patrulhas.
Pedro Lourenço